30/11/2011

Missões e Kênosis

Chamamos de Kênosis - palavra grega que aparece em Filipenses 2.7, quando lemos que Jesus Cristo "esvaziou-se (eskénosen) a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens" - refere-se à encarnação do Filho de Deus para redimir os pecadores.
Quando quis anunciar ao mundo seu grande amor e sua graça infinita, Deus não mandou um folheto multicolorido para que lessem, mais veio pessoalmente, encarnado, assumindo a condição humana e as limitações da humanidade, conforme declara também o evangelista João: "Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós" (1.14).

Pois exatamente aqui encontramos a essência da filosofia missionária de Deus: fazer-se presente para proclamar a salvação aos pecadores. Fazer-se presente, aliás, no sentido de marcar presença - conforme a declaração do próprio Jesus na casa de Zaqueu: "o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido" (Lucas 19.10) - e, ao mesmo tempo, no de se revelar como dádiva divina para o mundo condenado: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito" (João 3.16).

De acordo com essa filosofia missionária de Deus, a igreja - que é chamada no epistolário paulino de Corpo de Cristo - também se faz presente, como o Senhor Jesus: encarnada num contexto sócio-histórico específico, identificando-se com a língua, os costumes e a cultura do povo que almeja alcançar com a pregação do evangelho, em vez de observar de longe, cheia de compaixão, mas distante e impessoal.

Deus veio em pessoa. A igreja de Cristo, para ser de fato missionária, deve ir do mesmo modo: em pessoa. Está é a única maneira de cumprir a missão dada pelo Senhor: ir, envolver-se, assumir, abraçar, criar vínculos, identificar-se, falar a mesma língua, conviver, participar, fazer parte. Nenhum outro método pode ser tão eficaz e produtivo quanto, como já dissemos, fazer-se presente. Nos dois sentidos.

Não há, portanto, como fazer missões sem esse engajamento abrangente e primordial. Precisamos prosseguir atendendo o grande desafio de enviar missionários e sustentá-los, abrir novos horizontes de evangelização e alcançar pessoas que não conhecem o plano de salvação, estabelecer metas de expansão do Reino de Deus e plantar igrejas em solos receptivos à semente da Palavra.

Mais do que observadores, precisamos ser sustentados da obra. Mais do que intercessores, precisamos colocar as nossas vidas à disposição para ir. A igreja, a exemplo do que fez Jesus, deve encarnar-se, envolver-se, entregar-se. Pois outra não é nossa missão, senão fazer missões.


Pr. Carlos Novaes

Igreja Batista Barão da Taquara - RJ.


Extraído da Revista: A Pátria para Cristo

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